ATA DA DÉCIMA QUINTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 08.03.1990.

 


Aos oito dias do mês de março do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Quinta Reunião Ordinária da Segunda Comissão Representativa da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, João Dib, José Alvarenga, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo, Titulares, e Cyro Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, João Motta e Letícia Arruda, Não Titulares. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Vicente Dutra que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata Declaratória da Décima Quarta Reunião Ordinária e da Ata da Décima Terceira Reunião Ordinária, que deixaram de ser votadas em face da inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Ervino Besson, 30 Pedidos de Providências; pelo Ver. Vieira da Cunha, 02 Pedido de Informações. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nos 129; 131; 132; 125; 126/90, do Sr. Prefeito Municipal; 60/90, da Câmara dos Deputados; 215/90, da Associação Riograndense de Imprensa; 35/90, do Ministério dos Transportes; 38/90, do Gabinete do Governador; 60/90, da Secretaria de Educação e Cultura; 01/90, das Câmaras Municipais de Três Cachoeiras; de Cerro Largo; de Santa Cruz do Sul. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João Dib teceu comentários sobre declarações do Pref. Olívio Dutra, à imprensa, em que S.Exa. classifica como transparente sua atuação se comparada com as administrações anteriores. Contraditou tais declarações, falando sobre seu trabalho durante o período em que se encontrava à frente do Executivo Municipal, principalmente no relacionado às viagens feitas para fora da Cidade. O Ver. Isaac Ainhorn, discorreu sobre o problema educacional observado no Município, destacando o caso da Escola Argentina, que hoje se encontra sem local para o exercício de suas atividades, tendo inviabilizado o pleno cumprimento de seu trabalho junto à comunidade escolar. Ressaltou que a luta desta escola por um local adequado de trabalho não é recente, já se arrastando por vários anos. O Ver. Wilson Santos registrou a instalação, pelo Governo do Estado, no Hospital Parque Belém, de um local para atendimento aos drogados. Declarou que o grande índice de uso de drogas já representa uma “calamidade social”, salientando a importância do devido atendimento destes drogados, viabilizando seu retorno ao convívio positivo com a sociedade. Atentou para o fato de que a regeneração do drogado passa pela assunção do problema pelo Estado. O Ver. Lauro Hagemann referiu-se ao pronunciamento do Ver. Isaac Ainhorn, acerca dos problemas enfrentados pelo Colégio Argentina, comentando a luta antiga mantida por este grupo escolar, primeiramente contra o despejo e, depois, em busca de um local adequado para o exercício de suas atividades. Ressaltou que a responsabilidade principal dessa questão é do Estado, solicitando soluções urgentes para o assunto. O Ver. João Motta teceu comentários sobre a política salarial assumida pelo PT à frente do Executivo Municipal, declarando que o índice de reajuste para o mês de março será de cento e sessenta e nove, setenta e três por cento, não sendo descontado o abono já concedido aos municipários. Às dez horas e quinze minutos, o Sr. Presidente suspendeu os trabalhos, nos termos do art. 84, II do Regimento Interno, reabrindo-os, constatada a existência de ”quorum”, às dez horas e vinte e seis minutos. A seguir, o Sr. Presidente informou que, face a Requerimento, aprovado, do Ver. Adroaldo Correa, o período de Comunicações da presente Sessão será destinado ao Dia Internacional da Mulher, convidando os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a MESA: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Drª. Eulália Maria Guimarães, Procuradora Geral do Município; Srª. Marlise Fernandes, Diretora do Sindicato dos Comerciários de Santo Ângelo, Diretora Executiva da CUT Estadual e Membro da Comissão das Mulheres da CUT: Tenente Janete Ferreira, representando a Polícia Feminina da Brigada Militar; Verª. Letícia Arruda, representando as Mulheres deste Legislativo; Srª. Ruth Ricardo Brum, representando o Conselho Geral de Clubes de Mães; Feminista Rose Marie Muraro; Srª. Maria Luiza Bittencourt, representando a Ação da Mulher Trabalhista; Srª. Avani Keller, representando as Mulheres do PCB; Deputada Estadual Jussara Cony. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Adroaldo Correa, como Autor da proposição e em nome das Bancadas do PT e do PL, falou sobre o significado do Dia Internacional da Mulher, destacando a inserção da luta feminina em uma luta mais generalizada, pela igualdade de todos os trabalhadores. Comentou os artigos integrantes do Projeto de Lei Orgânica I, referentes à mulher, salientando os diversos atos que serão hoje realizados, como registro do transcurso da presente data. A Verª Letícia Arruda, em nome da Bancada do PDT, discorreu sobre a forma como a mulher é dogmatizada na Bíblia, salientando mudanças encontradas nesta visão, como é observado na Campanha da Fraternidade da Igreja Católica, neste ano, cujo tema é “Mulher e Homem: Imagem de Deus”. Atentou para a necessidade de criação de instrumentos coletivos que permitam a saída das mulheres de casa, analisando a ideologia dos CIEMs. A seguir, o Sr. Presidente convidou a Verª Letícia Arruda a assumir a direção dos trabalhos e concedeu a palavra a Srª Rose Marie Muraro, que discorreu sobre a evolução das lutas femininas contra a discriminação. Comentou o salto qualitativo observado atualmente na condição da mulher brasileira, ressaltando ser nossa constituição, a esse respeito, uma das mais modernas do mundo. Fez, ainda, uma avaliação do patriarcado na sociedade brasileira. A seguir, o Ver. Vicente Dutra, em nome das Bancadas do PDS e do PFL, salientou a presença feminina nas grandes conquistas da história da humanidade. Disse ser a escolha do nome da Professora Zélia Cardoso de Mello para o Ministério da Economia um avanço sem precedentes na condição feminina. Discorreu sobre as lutas das mulheres através do tempo, na sua busca por uma atuação conjunta ao homem na constituição da sociedade. Após, a Srª. Presidente concedeu a palavra a Deputada Estadual Jussara Cony, que teceu comentários sobre as comemorações hoje realizadas como registro do transcurso do “Dia Internacional da Mulher”. Falou sobre os avanços observados na Constituição Brasileira com referência à mulher, destacando a necessidade de consolidação de diversas destas conquistas e dizendo que as mulheres lutam pela igualdade na lei mas, acima de tudo, buscam a igualdade na vida. Destacou ser “o grau de emancipação da mulher a medida exata do grau de emancipação de um povo”. O Ver. Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB, ressaltando a dificuldade que possui o homem de analisar com clareza a luta das mulheres pela sua libertação, em face de ainda existirem muitos dogmas discriminatórios, disse ser esta luta, também, uma luta pela tomada de consciência. Atentou para o fato da igualdade entre homens e mulheres hoje vigente encontrar-se mais a nível de trabalho do que de direitos, integrando-se a libertação feminina às lutas pela própria transformação social do mundo. Lembrou a figura de Olga Prestes. A seguir, a Srª. Presidente concedeu a palavra a Srª. Maria Luiza Bittencourt, que declarou representar a data de hoje um momento de reflexão, salientando que a luta das mulheres de hoje já representa uma luta conjunta entre homens e mulheres por uma sociedade igualitária. Falou sobre o Conselho Estadual da Mulher, dizendo esperar que, mais do que publicidade, a luta feminina seja parte concreta da nossa sociedade. O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, dirigindo-se especialmente aos homens, destacou a importância de uma real tomada de consciência sobre a necessidade de libertação feminina e de que as leis igualitárias da Constituição saiam do papel, tornando-se aspectos efetivos da sociedade brasileira. Após, a Srª. Presidente concedeu a palavra a Srª. Avani Keller, que congratulou-se com o Ver. Adroaldo Correa, pela proposição da presente homenagem, lamentando que junto ao Governo Estadual as lutas femininas não estejam recebendo a devida atenção. Lamentou a dissolução, pelo Governador Pedro Simon, do Conselho Estadual da Mulher com a posterior formação de um novo Conselho, cujos integrantes não representam os movimentos pela libertação feminina. E o Ver. Edi Morelli, em nome da Bancada do PTB, criticou a atuação do Pref. Olívio Dutra, protestando contra o tratamento recebido por mulheres participantes de curso referente à área de limpeza pública. Analisou a situação da mulher dentro da sociedade brasileira, na qual é obrigada a se submeter a uma dupla jornada de trabalho. Comentou o lançamento da Vigésima Campanha da Fraternidade da Igreja Católica, cujo tema é “Mulher e Homem: Imagem de Deus”. A seguir, a Srª. Presidente pronunciou-se acerca da solenidade, informou do início, esta noite, na Assembléia Legislativa, do “Seminário sobre a Mulher”, agradeceu a presença de todos e levantou os trabalhos às onze horas e quarenta e seis minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Letícia Arruda, esta a convite do Sr. Presidente, e secretariados pelo Ver. Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretario, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Comunicamos aos Srs. Vereadores que, às 10h, haverá uma homenagem pelo transcurso do Dia Internacional da Mulher.

Comunicação de Líder com o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não faz muito tempo eu estava no ginásio, era criança, não faz muito tempo, não, e de vez em quando fazia traquinagens, cometia alguns erros e o professor mandava escrever cem linhas iguais: não devo cometer tal coisa. Eu acho que esse Prefeito transparente aí tem que aprender a escrever algumas coisas. Vai ter que passar muito trabalho para ser comparado com os administradores anteriores. Escreveu ele na “Zero Hora” que ele é transparente - acho que ele é incompetente -, que ele é transparente e que os outros administradores anteriores não o eram, viajavam sem que esta Casa tivesse ciência. É uma agressão à Casa e aos ex-administradores.

Eu viajei doze vezes como Prefeito, durante 22 dias. E, para se ter idéia, saí uma vez a Porto Rico e gastei cinco dias, fui porque a Prefeitura de Porto Rico pagou todas as despesas. Foi um convite muito honroso de uma Prefeitura que fez um encontro das Prefeituras das grandes cidades americanas. Viajei uma vez só durante dois dias, sábado e domingo, por minha conta, mas declarando à Câmara e com a licença da mesma, para Foz do Iguaçu. Agora, todas as vezes, desde a primeira que fui ao Rio de Janeiro convidado pelo jornal O Globo, com as despesas pagas, juntamente com outros Prefeitos de capitais, todas as vezes eu trouxe a Porto Alegre algo de bom, algo de útil. Naquela primeira viagem, que era apenas fazer entrevistas com outros Prefeitos ao jornal O Globo, à televisão Globo, já aproveitei e fui ao DNER e acertei a pavimentação da Castelo Branco, que estava muito mal. Depois da Castelo Brando, o DNER de contrapeso, me pavimentou também a Mauá. Eu trouxe tratores do Ministério da Agricultura, dinheiro para a Prefeitura fazer pluviais, pavimentação, escolas, para completar as obras do Pronto-Socorro que estavam sendo feitas, e uma vez viajar com o Presidente – essa vez, na realidade, não conseguimos trazer muita coisa, mas aproveitamos integralmente para fazer rolar a dívida da Prefeitura e conseguir algumas coisas do Ministério do Interior, mas ficaram só nas promessas. Naquela vez, na realidade, não chegamos a trazer, mas ficaram boas promessas.

Então, quem é o Dr. Olívio Dutra para falar dos administradores anteriores? Ele viajou 90 dias em 400; eu viajei 22 dias, e tem mais uma coisa, quase todas as minhas viagens foram a Brasília, sem ônus para a Prefeitura, porque eu era o representante do Rio Grande do Sul no Conselho Nacional de Pesquisas Urbanas. Então, eu recebia passagem para me dirigir a Brasília. Claro que em vinte e quatro horas – eu saía daqui às seis horas da tarde e às onze horas do dia seguinte estava assumindo a Prefeitura; mas já tinha passado na reunião do Conselho Nacional de Pesquisas Urbanas, já tinha ido ao Ministério do Interior, Ministério dos Transportes, Ministério da Fazenda, Caixa Econômica, aonde desse para ir e fazer. E sempre vinha alguma coisa para esta Cidade. Agora, vejo o Prefeito viajar, interesses particulares, interesses políticos, interesses da Cidade não. Até um dia ele mentiu aqui nesta Câmara, que ele havia sido convidado - mentiu que havia sido convidado para representar Porto Alegre lá no Chile, e eu vibrei porque o Prefeito da minha Capital foi convidado para representar Porto Alegre. E aí o Dr. Tarso Genro, com a sinceridade que o caracteriza, disse que ele estava lá no Chile, em Santiago, representando o candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Aí eu me senti triste por tê-lo defendido. Defendi uma mentira. E agora este homem tem que escrever duzentas vezes: não vou mais falar dos administradores anteriores, porque não dá para comparar. Não fez nada até agora a não ser viajar. Vinte e dois por cento dos dias de Governo ele viajou - 22,5%. E quer falar dos administradores anteriores, quer ser o dono da verdade. Não, o dono da incompetência. Perdendo o tempo da administração não administrando as empresas de transporte coletivo urbano! E perdeu todo o tempo dizendo que não tinha mais dinheiro e agora chega até a se atrapalhar em dar um pouco mais que o funcionário merece. Então, não pode falar dos administradores anteriores que sabiam o que faziam nesta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, comparecemos hoje, em nome da Bancada de nosso Partido, à tribuna desta Casa para fazer um registro relativo a assunto que julgamos muito grave, que envolve a questão educacional nesta Cidade, e de um fato que está ocorrendo neste momento, que é uma passeata da tradicional Escola Argentina, que foi fundada em 1939, portanto, uma escola que já tem mais de 50 anos e que hoje se encontra sem local para desenvolver suas atividades...

 

(Aparte anti-regimental do Ver. João Dib.)

 

Recolho também o aparte do PDS, solidário à posição que sustento aqui. Neste momento, pais, professores e alunos estão em passeata, se dirigindo à Secretaria de Educação e à Prefeitura Municipal de Porto Alegre, pleiteando que a escola, inicialmente instalada na Av. Independência, posteriormente, em face das difíceis condições em que a escola se encontrava, fez um contrato de comodato pelo qual cedeu o uso daquela área à Fundação Nacional Pró-Memória, em 1984, por 10 anos, a fim de que a Fundação Pró-Memória restaurasse o prédio, o que, efetivamente, o fez, mas não o fez de forma total e completa. Tanto é verdade que a Fundação Pró-Memória tinha como uma das obrigações manter a integridade da área e ela perdeu uma parte do terreno onde está a escola e hoje tem um edifício que foi construído por uma empresa imobiliária da Capital. Portanto, descumpriu um dos itens fundamentais do contrato de comodato em que consta, na cláusula 5ª, que a transferência da posse da área em uso, no todo ou em parte pela usuária, só poderá ser realizada mediante prévio e expresso consentimento da Secretaria da Fazenda do Estado, porque foi o Estado do Rio Grande do Sul que outorgou o comodato.

Mas as coisas não param aí. Vejam V. Exas, ela foi para um prédio locado na João Telles. E lá o que aconteceu? Uma ação de despejo que tramitava há muitos anos finalmente teve todas as instâncias exauridas e ela foi, no ano passado, despejada. Hoje, ela está funcionando das 11h às 14h, quando o regime regular é de quatro horas, ela está funcionando em três, na Escola Anne Frank. Ela, a Escola Argentina, não só neste momento não está cumprindo com as suas finalidades do ponto de vista educacional, porque nas condições precárias, no horário completamente desestruturado e irregular, como está prejudicado o desenvolvimento dos trabalhos em nível educacional.

A coisa, eu disse, não parava por aí. Exatamente o que acontece é que no dia 29 de agosto de 1989, a Escola Estadual Argentina encaminhou um ofício ao Sr. Prefeito, requerendo... (Lê ofício da Escola Argentina ao Sr. Prefeito.) Ela pedia isso exatamente buscando a declaração de utilidade pública para fins de desapropriação desta área. Ela busca a delimitação da área para fins de desapropriação. O que aconteceu? Ela encaminhou e nunca mais teve notícias do Requerimento à Prefeitura. Daí as professoras insistentes foram ao Gabinete do Prefeito e falaram com o Assessor, Sr. Gildo, e o Gildo, perdido, disse: “Olha, a única coisa que tenho aqui desse dossiê é o seguinte: ...” Sabem o que ele tem? Ele não deu o protocolo do documento, vejam V. Exas, ele deu o número da matrícula do funcionário que levou. Esta é fantástica, as professoras pensaram que estavam de posse do número do protocolo, não, elas receberam o número da matrícula do office-boy que levou o documento para tramitar. Tem aqui o número da matrícula do office-boy. Processo nas mãos do funcionário que tem a matrícula 22226.5. E elas não o encontram, não foi identificado. O pior é que receberam um número de protocolo que é frio, que é o nº 2359/29/8/89. Também não existe.

Então, já encerro, Sr. Presidente, realmente uma situação de tumulto completo. Quer dizer, o funcionário, assessor do Governo Municipal, no Paço Municipal, de nome Gilson, deu para a Comissão de Professores e Pais de Alunos o número da matrícula do funcionário. Vejam V. Exas, em face da gravidade da situação é que eu trouxe esse assunto ao conhecimento de todos para que esta Casa, através da Comissão de Educação, busque uma forma de agilização para que a Escola Argentina saia dessa situação dramática em que se encontram os alunos e que também levou uma outra escola do Bairro Bom Fim, a Escola Anne Frank, a uma situação de confusão geral em matéria educacional. É esse o ensino que queremos para a nossa Cidade? Que assumam o Estado, o Município, as responsabilidades que têm.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Wilson Santos.

 

O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é com muita alegria que vejo a primeira iniciativa prática no Rio Grande do Sul sendo levada a efeito. O Governo do Estado tomou a iniciativa de instalar no Hospital Parque Belém um atendimento aos drogados. Faço esse registro, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, porque esta Casa tomou a sábia decisão de aprovar um Projeto e a sábia decisão não é pela origem do Projeto, que é deste Vereador, mas porque se sensibilizou a uma pregação constante que há anos este Parlamentar faz da necessidade de termos iniciativas práticas e fugirmos de atividades meramente de simpósios, congressos, debates que apontam a existência de uma calamidade humana, uma calamidade social que já está quase às raias da irreversão e só pode ser estancada, amenizada, se partirmos para a implantação de mecanismos práticos. Veja que o Hospital Parque Belém, numa atividade experimental de seis meses, atendeu 2300 drogados. São 2300 corpos nocivos à sociedade que afloraram voluntariamente, simplesmente pela existência do organismo, pela existência do órgão com técnicos dispostos a atender primeiramente aquele que busca, como um afogado, uma tábua de salvação que passa próxima. Porque os fatores que o levaram a se viciar, a se drogar são múltiplos, mas a situação em que ingressou aquela pessoa, quer seja por força envolvente do traficante e fornecedores, quer seja pela sua própria iniciativa de auto-afirmação, de má companhia, de falta de diálogo em casa, da falta de amor, de falta de estrutura familiar que levou à busca daquela ilusão.

Na verdade, ele não tem por si só a saída, há uma necessidade, em momentos de consciência, como no Governo João Antônio Dib, o Secretário Pedro Ruschel levou para uma reunião o então Diretor do Hospital de Pronto-Socorro, que disse que era estarrecedora a situação daqueles drogados que eram atendidos no HPS, em crise aguda de intoxicação por droga. E no momento da desintoxicação passava pela cabeça do drogado um momento de lucidez e ele dizia: façam alguma coisa, eu quero me salvar. Mas não existia nada, ele era desintoxicado no HPS e mandado embora. Depois de quinze dias ou um mês voltava o mesmo drogado, porque há uma necessidade de aproveitar o momento de voluntariedade dele para buscar junto com ele, a assistente social, psiquiatra, uma equipe capaz de buscar junto à direção da escola daquele jovem, da família, uma maneira de encaminhá-lo para um tratamento, não só momentâneo, mas um acompanhamento para identificar onde está o problema dele ter buscado na ilusão das drogas a sua destruição e a destruição da própria sociedade.

Tenho dados de que um grande percentual da criminalidade selvagem que campeia na nossa sociedade brasileira tem uma vinculação com a droga. E a regeneração do drogado passa pela assunção do problema pelo Estado. O Estado assumiu. E eu tenho batido na tecla da necessidade de haver a assunção da responsabilidade municipal. A Câmara aprovou um projeto, o Sr. Prefeito e o Sr. Vice-Prefeito assumiram um compromisso de instalar, o exemplo está dado pelo Estado, continuemos, portanto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Sr. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, venho à tribuna para secundar o apelo feito pelo Ver. Isaac Ainhorn, com respeito ao Colégio Argentina. Por razões até particulares, pois, há 25 anos estive ligado diretamente ao problema do Grupo Escolar Argentina. Morava na zona e meus filhos foram matriculados no Grupo Escolar Argentina, meus três primeiros filhos. E tive a sorte, o privilégio de ser o primeiro presidente da Associação de Pais e Mestres do Grupo Escolar Argentina. E naquela ocasião, quando prédio que ainda hoje existe na Av. Independência, por seu proprietário fora ameaçado de venda, e com isso o grupo escolar teria que se mudar dali, consegui, já então como Vereador de Porto Alegre, com o então Prefeito Célio Marques Fernandes, um Decreto de utilidade pública para fins de desapropriação, com isso sustando o despejo do Grupo Escolar Argentina. Posteriormente, na Assembléia Legislativa, com o Deputado Alfredo Hofmeister, que era o Líder do Governo, conseguimos do então Governador Peracchi Barcellos o prosseguimento da ação. O Grupo Escolar Argentina permaneceu na Av. Independência. Posteriormente, mudou-se para um terreno onde estava localizado logo depois, com saída para a Rua Santo Antônio, e dali então começou o drama do Grupo Escolar Argentina.

Eu gostaria de dizer que é um problema, o Grupo Escolar Argentina é um colégio de responsabilidade do Estado. É claro que ele está localizado em Porto Alegre. Há tratativas a serem feitas no Município a respeito da área a ser conseguida para instalação da sua sede. Sei que ultimamente o grupo vinha enfrentando sérias dificuldades de instalação. O seu funcionamento era precaríssimo. As notícias me vinham de companheiros que tinham filhos lá. Então, por uma questão até sentimental, mas, sobretudo, por uma questão humana e urgente, porque aquela zona da Cidade abriga uma população escolar enorme, o Grupo Argentina precisa sobreviver. Me incorporo integralmente à campanha e acho que esta Casa deverá instar a Secretaria Estadual de Educação, para que regularize de uma vez por todas o estado do Grupo Escolar Argentina. A responsabilidade é do Estado, embora não se omita também uma parcela da Prefeitura, no caso de se conseguir um terreno adequado. Mas, repito, a responsabilidade maior é a do Estado, da Secretaria Estadual da Educação. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Motta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para que não se diga que o despejo da Escola Argentina também é por culpa da Administração Popular ou do PT, quero registrar, em nome do PT, a nossa solidariedade com esse movimento justo. Portanto, se o Município de fato tem esse poder de influir para que se equacione esse problema, da nossa parte está plenamente colocada aqui a nossa predisposição de somarmos esforços neste sentido.

Em segundo lugar, gostaria de colocar que sempre fomos abertos ao debate e à crítica particular do Ver. João Dib e achamos que as viagens do Sr. Prefeito talvez não tenham trazido de fato os resultados que todos esperamos. Temos o exemplo claro de um Governo do Estado que praticamente só no seu último ano consegue resultados neste tipo de iniciativa. Entretanto, não dá para aceitarmos esta visão de que o fato da Prefeitura ter pago o que pagou, ou seja, principalmente este abono, que não será descontado da remuneração de março dos funcionários, se deveu exclusivamente a um lapso, ou a um erro da Administração Municipal. O fato da Administração Municipal ter assumido isto de uma forma pública e notória, inclusive foi divulgado este pequeno comunicado aos funcionários, aos Srs. Vereadores, onde fica registrada a posição final da Administração com relação aos vencimentos do funcionalismo, onde está garantido que o reajuste de março será de 169,73%. Este é um compromisso que estamos assumindo definitivamente com relação ao funcionalismo, assim como também está registrada, de uma forma pública e notória, esta questão do abono, ou seja, não descontaremos o abono.

Em terceiro lugar, gostaríamos também de reafirmar que nós não esgotamos ainda o esforço da Administração no sentido de sanar ainda mais as finanças do Município, no sentido de viabilizar um quadro de receita e despesa que permita, cada vez mais, melhorarmos a situação salarial dos funcionários e a garantia também de recursos para investimentos significativos na melhoria das condições de vida da Cidade. Esta é a visão expressa neste lembrete da Administração Popular, que eu gostaria de trazer ao conhecimento do Ver. João Dib e dos demais Vereadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Suspendemos os trabalhos por alguns minutos, para realizarmos a comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 10h15min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 10h26min): Estão reabertos os trabalhos da presente Reunião, onde o período de Comunicações está destinado ao Dia Internacional da Mulher, requerido pelo Ver. Adroaldo Corrêa e aprovado pela unanimidade desta Casa.

Farão parte da Mesa: a Drª Eulália Maria Guimarães, Procuradora-Geral do Município; a Srª Marlise Fernandes, Diretora do Sindicato dos Comerciários de Santo Ângelo, Diretora Executiva da CUT Estadual e Membro da Comissão das Mulheres da CUT; Tenente Janete Ferreira, representando a Polícia Feminina da Brigada Militar: a Verª Letícia Arruda, representando as mulheres deste Legislativo; a Srª Ruth Ricardo Brum, representando o Conselho Geral de Clubes de Mães; a Feminista Rose-Marie Muraro; a Srª Maria Luiza Bittencourt, representando a Ação da Mulher Trabalhista, e a Srª Avani Keller, representando as Mulheres do PCB.

Confesso que ao longo de minha vida – e já se passam 47 anos -, este se traduz num momento de grande satisfação, presidindo os trabalhos neste Legislativo e parabenizo a autoria da iniciativa do Ver. Adroaldo Corrêa, pela feliz idéia de homenagear a mulher neste seu dia, dia 08, e de modo universal. Sobre os que se insurgem contra esse tipo de discriminação, defendendo a plenitude da cidadania da mulher, independente de credo e raça, desejo que elas, a despeito de tanta evolução, continuem a cultivar, com muito brio, as suas características femininas, e que cada vez mais haja uma progressiva diminuição de diferenças existentes no campo da competitividade, na ocupação dos espaços por ambos os sexos. E, por isso, cumprimento, não só as senhoras que estão representando as entidades, neste momento, mas também, e em especial, as mulheres funcionárias dessa Casa, que têm todo o nosso carinho, respeito, e pelo trabalho, pelo dinamismo, pela sensibilidade, pela competência que honram todas as mulheres do nosso Município, do nosso País.

De imediato, concedo a palavra ao autor da proposição, Ver. Adroaldo Correa, em nome das Bancadas do PT e do PL.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: (Menciona os componentes da Mesa.) Senhoras e senhores, pretendo ser breve dado que o motivo desta Sessão, ainda no período de recesso, uma homenagem, uma referência à luta das mulheres do mundo inteiro, faz principalmente jus às necessidades desta Casa de representar e fazendo-se representar, a Cidade, nesta iniciativa que é universal pela igualdade dos direitos da pessoa e do acesso a esses direitos independente do seu sexo, da sua cor, no qual se insere o movimento universal das mulheres. E esta data marca isto, tendo como início o registro de uma luta trágica em que trabalhadoras foram queimadas numa fábrica, numa ação grevista, e marca também a data da Organização Internacional de Mulheres, referenciadas em Congresso de Organizações de mulheres de todos os países do mundo. E gostaria de dizer que não escapa ao Legislador do Município, neste momento em que estamos fazendo a Lei Orgânica desta Cidade, uma Constituição para vigorar de alguma forma com elementos mais perenes do que a Lei Ordinária. Não escapa que a par dos direitos universais que devam ser atendidos, de igualdade, devamos ter preocupações presentes, imediatas sobre questões emergentes, e citaria quatro artigos que constam já do Projeto II da Lei Orgânica, o de nº 169. (Lê os artigos 169, 180, 181 e 182 do Projeto de Lei Orgânica II.) Acreditamos que o legislador municipal dentro das suas contribuições deve preservar estes conceitos introduzidos neste Projeto II, que significa não apenas a vontade de Parlamentares desta Câmara de Vereadores, mas um movimento consciente de mulheres. E nos dá um exemplo, na ação que marca o dia de hoje em Porto Alegre, de unificação, de atos que se realizam organicamente em vários pontos desta Cidade, Assembléia Legislativa, à tarde, às 17h, no Centro da Cidade, com uma manifestação coletiva de uma série de organizações e agrupamentos de mulheres que defendem a causa da emancipação da condição feminina, da igualdade. Sou grato. (Palmas.)

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Verª Letícia Arruda, em nome da Bancada do PDT.

 

A SRA. LETÍCIA ARRUDA: (Menciona os componentes da Mesa.) Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhoras e senhoritas convidadas, mulheres. E Deus disse: “Eu multiplicarei os trabalhos de parto, tu parirás teus filhos com dor e estarás debaixo do poder do teu marido e ele te dominará”. Este dogma religiosos da Bíblia Sagrada balizou pelos tempos afora os caminhos do homem e da mulher. Mas, hoje, no que podemos considerar uma revolução radical no conceito da Igreja, o Papa João Paulo II, no último dia 25, lançou a Campanha da Fraternidade deste ano baseada no tema discriminatório da dignidade e igualdade da mulher, citado no livro de Gêneses, versículo 26 da Bíblia, onde se lê: “Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança”. Mas o que podemos observar é que apesar da própria Igreja reconhecer tardiamente a igualdade da mulher, esta sempre foi colocada em segundo plano.

O dia 08 de março foi instituído como o Dia Internacional da Mulher. Consideramos justo dizer que a luta pela libertação da mulher é a luta política da libertação universal da sociedade. Para isto é necessário que ocorra uma profunda transformação qualitativa social, para que se consiga realizar a liberdade de todos os seres humanos.

A situação da mulher possui peculiaridades diferentes de outros grupos sociais oprimidos, visto que constitui a metade da espécie humana. Em alguns casos, a mulher é explorada e oprimida igual e junto com outras classes exploradas ou grupos, como a classe trabalhadora, os negros, os índios e os idosos. Visto assim, as conquistas das mulheres, embora vinculadas a outros movimentos libertários, precisam ser entendidas em sua grande unidade, pois são referentes a todas as mulheres, enquanto mulheres, quer sejam da burguesia, da classe média, da classe operária, das “elites”, quer façam parte de minoria racial.

A posição social da mulher modificou-se, mas não a sua natureza. Hoje, entretanto, temos a ousadia de ser mulher, de confiarmos em nós mesmas, em nossa capacidade e ocuparmos o nosso espaço. Através de modelos de conduta impostos, a mulher é o único ser racional que precisa abonar as suas teorias e também suas práticas com um rosto bonito ou por um belo par de pernas. Ninguém questiona a beleza de Einsten, Van Gogh, Freud e outros homens, mas a mulher, ao galgar algum posto de projeção é severamente criticada, não tanto quanto a sua competência, mas a sua beleza.

Este fim de século está marcado pela revolta dos povos oprimidos e também pela revolta das mulheres conscientes. Se soubermos repudiar o individualismo e compreendermos que a nossa luta está no terreno jurídico, social e, principalmente, no político, alcançaremos – através de árduo trabalho – o lugar ao lado do homem nas tarefas do futuro.

Neste momento atual em que vivemos, ainda não podemos questionar a nossa dúvida específica, enquanto mulher, sem citarmos a problemática filhos. Calcamos na palavra problemática, a medida, apesar de termos consciência que a questão filhos não é uma responsabilidade apenas da mãe, e sim da família, do pai e do Estado, inclusive; mas por nos encontrarmos em um estágio muito atrasado, esta questão fica sempre pertinente à mulher. Enquanto não possuirmos equipamentos coletivos - como creches, escolas - que nos desobriguem de algumas tarefas, que nos permitam desenvolver nossas atividades profissionais a contento, continuaremos sempre com a dupla jornada de trabalho, que envolve tarefas domésticas exaustivas para quem já labutou oito horas.

Assim, não poderíamos deixar de falar nos CIEMs, que proporcionavam condições que permitiam às mães trabalharem, assim como os pais, tranqüilos, sabendo que seus filhos estão sendo educados, recebendo alimentação e higiene condizente. Este equipamento coletivo retira das mulheres parte do encargo da educação dos filhos, dividindo essa tarefa com pedagogos, psicólogos, especialistas, pois educar é uma especialidade. Nós, mulheres do Partido Democrático Trabalhista, temos consciência da importância dos CIEPs, não só para nossos filhos como para nós mesmas.

Enquanto representante da comunidade porto-alegrense, balizamos nossa ação pela perspectiva dos interesses da maioria oprimida e espoliada de seus direitos e nos colocamos no dever de, junto à população, intensificar a luta por uma sociedade solidamente apoiada no princípio de justiça social.

Na atual fase de redemocratização da sociedade e das instituições brasileiras, a questão dos direitos dos cidadãos assume papel preponderante e afirmativo de cidadania. A existência formal dos direitos inerentes à cidadania não garante, por si, as condições de seu exercício. É indispensável o conhecimento desses direitos, de sua natureza e amplitude, para que as conquistas sociais neles fixadas sejam efetivas e democraticamente partilhadas. Assim, precisamos instrumentalizar as conquistas das mulheres - que são lutas políticas - com conhecimentos, informações e, principalmente, compreensão. Temos que democratizar as informações para alterar situações de iniqüidade, preconceitos, hábitos discriminatórios e dificuldades decorrentes tanto de aspectos de atraso, como do não reconhecimento de que a mulher deve ter direitos resultantes de seu papel específico na sociedade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido a Verª Letícia Arruda para assumir a direção dos trabalhos, tendo em vista que os homens já estão em minoria nesta Mesa, mas antes concedo as palavra à Srª Rose-Marie Muraro, que fala em nome dos convidados, antecipando a nossa pauta.

 

A SRA. ROSE-MARIE MURARO: Agradeço ao Sr. Presidente da Câmara, aos Srs. Vereadores, às senhoras representantes das entidades de mulheres, e dos setores de mulheres dos sindicatos, dos clubes de mães, à Srª Vereadora, às funcionárias da Casa, e à mulher gaúcha em geral, por este convite que me honrou profundamente.

Lembro que em 1971, quando pela primeira vez se levantou o problema do feminismo no Brasil, a feminista americana Betty Friedmann, a TV Globo fez enquetes em todas as esquinas deste País, e sobre a nossa cabeça caíram os meios de comunicação, a Igreja e o Estado. Houve um sério problema com as Forças Armadas, porque achavam que mexer com a família era mexer com a base da sociedade, houve algumas represálias, mas depois de vinte anos houve uma tal mudança na condição da mulher brasileira, que nós todas que trabalhamos a partir desta época e que criamos talvez o único espaço de liberdade, nos tempos de ditadura, nós nos consideramos como as mais privilegiadas pessoas deste País.

Quero fazer num minuto um apanhado da situação da mulher antes e depois deste movimento de libertação da mulher.

Em 1969 havia uma mulher para cada dois homens nas universidades. Em 1975, antes do Ano Internacional da Mulher, quando fomos fazer um apanhado para este ano, já se constatava que havia quinhentos mil mulheres para quinhentos e oito mil homens. Hoje, nós temos um milhão de mulheres e um milhão de homens. Quer dizer, a mulher ocupa o lugar que lhe cabe no setor de pensamento deste País.

Em relação à força de trabalho, em 1970 constituía 20%, havia seis milhões de mulheres. Em 1976 houve um salto qualitativo muito grande, a mulher passa para doze milhões e cresce dez vezes o número de mulheres executivas. É aí que começa a mulher a assumir o seu papel na empresa também. Hoje, nós somos 40% da força de trabalho e este número passa de doze milhões para vinte e dois milhões.

Então, há um salto qualitativo na condição da mulher, no Brasil, muito grande. E este salto é corroborado, principalmente, o cume é uma Constituição - pertenci durante quatro anos ao Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e este Conselho conseguiu ajudar o Congresso Nacional a elaborar uma Constituição que é considerada uma das mais avançadas do mundo com relação à mulher. Eu posso dizer aos senhores que a mulher brasileira é a mais modernizada da América Latina, não há comparação entre o grosso dessas mulheres brasileiras, que participam politicamente, cujo número de mulheres quadruplicou nos cargos públicos nesta década, em relação aos outros países em que elas têm todas essas conquistas ainda a serem feitas. E eu considero, mesmo, como sendo um fato fundamental para modernização dos países, para superação de suas crises, a modernização do seu elemento feminino.

Eu tenho a citar, por exemplo, os países do Oriente Médio, em que o elemento feminino ainda está profundamente dominado, e como eles têm uma dificuldade muito grande em chegar à modernidade tecnológica. Assim como o homem é o elemento que leva à frente a humanidade, a mulher é o fundo da espécie. Quando se educa um homem, se educa um ser humano apenas. Ele sai, vai fazer hidrelétrica, estradas, vai fazer partidos políticos, mas quando se educa uma mulher, ela volta para o seu local de trabalho, vai educar as gerações, e, pouco a pouco, essas gerações vão assumindo o seu lugar de sujeito na história. É assim que está acontecendo no Brasil, é assim que está acontecendo em alguns países do Terceiro Mundo e nos países em que isso não acontece, não se chegará a um desenvolvimento integrado e este desenvolvimento parará pela metade.

Para terminar, eu gostaria de fazer uma avaliação, talvez bastante pretensiosa, em uma frase do que é o patriarcado nesses últimos dez mil anos. A supremacia masculina nas estruturas sócio-político-econômicas, ela é muito recente na história da humanidade. Nós temos uma história de dois milhões de anos e essa supremacia acontece há menos de dez mil anos. Então, o que aconteceu nesses dez mil anos? Nós podemos dizer, principalmente, fruto desses dez mil anos de competição, que a competição só existe de dez mil anos para cá. É nesses duzentos anos de industrialização que a competição chega a ter duas guerras mundiais enormes. Em uma frase, nós podemos fazer a avaliação do patriarcado, da supremacia masculina. Em primeiro lugar, a humanidade, dois terços da humanidade passa fome para um terço comer além das suas necessidades. Em segundo lugar, a possibilidade concreta da destruição da terra durante cem vezes pelos arsenais atômicos. Em terceiro lugar, o que está acontecendo muito mais radicalmente e que nos preocupa muito mais, é que o homem, principalmente o homem masculino está destruindo o planeta lentamente pela poluição da atmosfera. A industrialização leva ao buraco de ozônio e ao efeito estufa, à poluição dos mares e à deteriorização do solo. Enquanto esta ideologia de competição que faz a supremacia dos mais fortes sobre os mais fracos estiver em voga, não há solução para a morte do planeta.

Gostaria de terminar dizendo que só quando aquela metade da comunidade que nunca exerceu o poder e cuja função é dar e preservar a vida e que tem todo um aparelho psicológico para isto não entrar com sua especificidade, pois a mulher não tem que entrar como um homem castrado não, ela tem e está fazendo isto, está repensando toda cultura ocidental e este trabalho está muito adiantado nos países do Primeiro Mundo, ela está repensando o Estado, as estruturas sócio-políticas no sentido de reintroduzir os valores de partilha e colaboração que foram a regra da vida humana durante dois milhões de anos em que o governo das sociedades em geral era feito pelo princípio feminino e masculino, que governavam o mundo juntos.

Então, é na medida em que se voltam estes valores, que são os valores da vida, em que se sobrepujarem esses valores de morte, que são os de competição, é que poderemos ter a esperança de sobreviver no século XXI. Caso a mulher não entre como povo na história em todos os continentes, o ano 2000 poderá não ser o ano de ouro da humanidade, como sempre se imaginou, mas o ano em que o ponto de não-retorno poderá estar chegando e a humanidade poderá sucumbir sob o peso da sua loucura e do seu lixo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Letícia Arruda): Com a palavra o Ver. Vicente Dutra, pelas Bancadas do PDS e PFL.

 

O SR. VICENTE DUTRA: (Menciona os componentes da Mesa.) Também me dirijo às ilustres colaboradoras taquígrafas desta Casa, assessoras, demais colaboradoras da Câmara, aqui representadas pela ilustre Diretora Legislativa, Srª Teresinha Casagrande, incansável e inteligente colaboradora desta Casa e particularmente deste Plenário, não poderia ter sido mais feliz e oportuna a homenagem que a Câmara Municipal de Porto Alegre presta, hoje, ao transcurso do Dia Internacional da Mulher. Esta Casa alia-se desta forma e, particularmente, as Bancadas do PDS e PFL ao reconhecimento que a sociedade, como um todo, vem dedicando a quem, indiretamente, participou de todas as conquistas já obtidas pela humanidade e que passa, nesta segunda metade de século, a ocupar lugar de destaque na estrutura social, política e econômica do mundo. É significativo, aliás, que a maior crise vivenciada em nosso País no setor da economia vá ser enfrentada, com a perspectiva do mais amplo êxito, pela primeira Ministra da Economia da história do continente - porque conta com o apoio sem precedentes da maioria da população. A escolha da Professora Zélia Cardoso de Mello para o mais alto cargo do primeiro escalão da República é um avanço sem precedentes na valorização da mulher.

Não trata, a homenagem de hoje, contudo, a mais uma simples decisão política. Ao contrário, ela corresponde a um anseio social que tem encontrando eco em todos os setores, numa luta em que Igreja católica acaba de tomar a frente, com a igualmente adequada seleção do tema da Campanha da Fraternidade para este ano de 1990, com o que estabelece, mais uma vez, uma profunda relação de seu ministério com o conhecimento secular. A Igreja, os homens e as mulheres – graças a Deus -, acrescentam mais uma pedra na construção do edifício destituído de preconceitos que haveremos de concluir, em breve, e que servirá para abrigar as futuras gerações.

Discriminada ao longo dos tempos, vítima do preconceito que a educava para o exercício limitado de atividades, a mulher soube emergir socialmente com a demonstração de preparo e eficiência que nossos antepassados supunham fosse privilégio masculino. Enganavam-se, homens e mulheres. Inteligente, perspicaz, sábia até, a mulher nada deixou a desejar no desempenho de novas e ingentes tarefas e está, hoje, ao lado dos homens, como quer a Igreja, que não cometeu o equívoco humano, e consolida, agora, o pressuposto de que ambos constituem, na terra, a imagem de Deus.

A ascensão feminina, já indiscutível, encerra, entretanto, uma mudança na ordem social que configura a crise histórica de todas as mudanças. Ortodoxamente emotiva e delicada, a mulher, quando incumbida de um novo papel, mergulhou em crise. Suas novas e atraentes funções não foram substitutivas; condicionada a perquerir reconhecimento da comunidade, ela não se desobrigou, em nenhum momento, dos cuidados com a família, com a indispensável atenção que sempre dedicara ao companheiro de sempre e com a formação dos filhos, o que a assoberba, gerando o clima indesejado para o surgimento do novo preconceito e da discriminação que acabou por qualificá-la como rival e concorrente.

Há poucos dias - se me permitem a digressão exemplar - tive a oportunidade de ver reproduzidas as palavras da jovem modelo do centro do País, posteriormente assassinada por overdose, e segundo as quais o esmero da produção visual a que era submetida em seu trabalho faziam com que, rotineiramente, ela não reconhecesse a própria imagem na televisão. Não pude deixar de inferir que essa era uma nova forma de exploração. Certamente não é a isto que pretendem chegar homens e mulheres. A igualdade não pode ser sinônimo de desfiguração, e as conquistas de ordem pessoal não podem se sobrepor ao direito de justiça, a fim de que homens e mulheres, fraternalmente, unam esforços com vistas a um mundo novo, de mais amor, mais paz e mais vida.

Se, juntos, tivermos o imprescindível cuidado de não transformar a mulher num instrumento explorado de formação de riquezas, seguramente os resultados que serão obtidos nesta luta por igualdade serão os melhores, e nós, em tempos bastante próximos, poderemos nos orgulhar de ter participado da mais destacada revolução que o ser humano já experimentou. E se não abrirmos mão dos papéis a que homens e mulheres estão destinados, estaremos recrudescendo competência e eficácia, inteligência e sensibilidade na busca de nossos objetivos comuns.

Sempre considerei que - não por acaso e especialmente em nosso País - foram estas qualidades que conduziram as mulheres a, majoritariamente, ocupar funções no Magistério. E que, felizmente, agora, as conduzem aos meios jurídicos, médicos, econômicos e de comunicação social - dentre tantos outros. Sempre considerei, e reitero aqui, por ocasião desta homenagem, durante a qual fui distinguido por minha Bancada para representá-la, que foram estas qualidades que fizeram das mulheres seres orgulhosos de sua condição. Foram qualidades cuidadosamente aplicadas na busca do desempenho do papel de mães e esposas; mais tarde no papel de mestras, e hoje em todas as demais funções que a sociedade exige.

Que se orgulhem disso. E que continuem a proporcionar - a nós, homens - motivos para que possamos nos envaidecer de sua companhia e parceira. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA: Queremos registrar, com muito prazer e muito carinho, a volta da filha da Câmara, a Deputada Jussara Cony, e também a Terezinha Vergo, representando a União de Mulheres de Porto Alegre. A gente diz filha, porque o bom filho à Casa torna e a boa filha, principalmente. Registramos, também, a presença da Srª Márcia Camargo, representando o Coletivo Feminista de Porto Alegre.

Com a palavra a Deputada Jussara Cony.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Sra. Presidente desta Reunião, Vereadora e companheira de lutas Letícia Arruda, diversas companheiras de partidos políticos e entidades representativas de mulheres aqui presentes, Srs. Vereadores, em especial o Ver. Adroaldo Corrêa, um aliado em potencial de todos os momentos da luta das mulheres em nossa Cidade. Sem dúvida, nós vivemos hoje um dia importante porque, hoje, nós, mulheres, estamos comemorando com luta., como sempre comemoramos, os 80 anos do 08 de março. E iniciamos, e acho que isso é muito importante, a nossa luta na Câmara Municipal de Porto Alegre. Com esta Sessão em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, com a presença de mulheres destacadas, combativas na luta das mulheres na nossa Cidade e no nosso Estado. E vou me valer da postura da União Brasileira de Mulheres, entidade à qual pertencemos como conselheira no Estado do Rio Grande do Sul, junto com outras companheiras, inclusive a companheira Teresinha Vergo, Presidente da União de Mulheres de Porto Alegre, para resgatar neste momento um pouco da luta das mulheres. Se nós reconstituíssemos um pouco da nossa história e chegássemos no dia de hoje, ao 08 de março, diríamos como foi árdua esta trajetória para se chegar às conquistas de hoje, chegaremos também à conclusão que muitas destas conquistas precisam ser consolidadas enquanto outras estão ameaçadas. Os avanços que foram registrados nas leis, desde o processo da Assembléia Nacional Constituinte, precisam ser concretizados no nosso dia-a-dia. Lutamos por igualdade na lei, mas lutaremos pela igualdade na vida.

As conquistas institucionais como os órgãos voltados para políticas públicas em defesa da mulher foram esvaziadas, deixando de cumprir o seu papel, conquistas essas fruto da luta das mulheres, as delegacias das mulheres vêm sendo desativadas em muitos Estados do nosso País, e o Plano de Assistência Integral da Mulher, elaborado sob a vigilância do Movimento Organizado das Mulheres Brasileiras, se encontra totalmente engavetado. As conquistas da mulher trabalhadora vêm sendo aviltadas pelos patrões, que insistem em barrar o direito de ser mãe ao implantar o atestado de laqueadura de trompa para a mulher conseguir se empregar e a continuar demitindo mulheres grávidas.

Temos muitas lutas, pela educação, luta histórica das mulheres, pelo direito ao voto, pela participação política, pelas conquistas nas leis, e com essas lutas chegamos ao 08 de março de 1990, reforçando a luta pela igualdade na vida, reforçando o nosso desejo de que a maternidade seja reconhecida como uma função social, reforçando a necessidade de um plano de assistência integral à saúde da mulher, da urgente necessidade da legalidade do aborto e do combate efetivo à mortalidade materna; chegamos conscientes da necessidade da nossa mobilização para repudiar a crescente deteriorização de vida do povo e de alerta em relação ao Presidente eleito que, por seu passado de descompromissos com a causa da mulher, merece nossa atitude de desconfiança, aprofundada esta atitude pela sua ciranda internacional, que ameaça a própria soberania deste País.

Queremos dizer que, ao finalizar, neste 08 de março do início da última década do século, nós fazemos um balanço que nos alegra e nos dá força para perseguirmos nossa utopia de um mundo onde reina a igualdade social entre homens e mulheres, que a virada do século também signifique um saldo de qualidade contra a discriminação secular que nos oprime e que a humanidade assimile com toda a profundidade o significado da afirmação de Currier, a mudança de época histórica pode ser determinada pela progressão das mulheres em direção à liberdade.

O grau de emancipação da mulher é a medida exata da emancipação de um povo. De forma muito especial, como ex-integrante desta Casa, mais uma vez o nosso compromisso com a luta pela emancipação da mulher, que no nosso entender, no entender do nosso Partido, no entender deste coletivo de mulheres do Estado do Rio Grande do Sul, que tem uma tradição histórica de luta e que aqui está representado por várias companheiras, o entendimento de que a luta pela emancipação da mulher corre lado a lado com a luta pela libertação do nosso povo. E que nós mulheres, comprometidas com esta libertação, estaremos sempre atentas, vigilantes, aguerridas e guerreiras para que possamos conquistar uma nova estrutura social de igualdade e conquistá-la lado a lado com os companheiros homens, aliados em potencial nesta luta, porque nós mulheres, sim, somos diferentes, temos diferenças fundamentais, importantes para a própria reprodução da espécie. Diferenças, aliás, que eu particularmente acho essenciais e extremamente positivas, porque acharia terrível se fôssemos todas iguais. Mas ser diferente para nós, mulheres, não significa ser inferior e é nesta busca da igualdade que conquistaremos os nossos direitos e o direito do nosso povo. Homens e mulheres no combate a uma sociedade que nos oprime enquanto classe e enquanto sexo, e na busca da verdadeira possibilidade da emancipação e da libertação da mulher, que é a sociedade socialista. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA: Com a palavra o Ver. Omar Ferri, pela Bancada do PSB.

 

O SR. OMAR FERRI: (Menciona os componentes da Mesa.) Nossa prezada e querida amiga Deputada Estadual que está abrilhantando esta Reunião e abrilhantou com seu discurso, Jussara Cony, demais funcionárias deste Legislativo, aliás, competentes funcionárias que trabalham ao nosso lado, hoje também seu dia, senhoras e senhoritas aqui presentes, Srs. Vereadores, é muito difícil o homem conseguir analisar com profundidade e com clareza esta luta da tomada de consciência pela emancipação da mulher. Acredito que hoje, decorridos, como disse a Letícia, possivelmente dez mil anos de civilização, ainda estão de pé muitas instituições que discriminam as mulheres. É que dentro de um conceito, de um conteúdo revolucionário, uma das coisas mais difíceis é mudar hábitos e costumes, é mudar, digamos assim, o sistema geral da tessitura que forma uma sociedade. Eu diria até mudar a cabeça dos homens nos seus mais profundos aspectos que os ligam ao passado, ao misticismo e às religiosidades, por isso que essa luta pela emancipação da mulher é uma luta também por uma tomada de consciência, pelo alcance dos parâmetros de inteligência e pela disposição de ocupar os espaços em igualdade de condições com os homens.

Alternadamente, durante a história do mundo, as mulheres estiveram juntas aos homens nos mesmos postos, mas em caráter particular, porque, no geral, sempre foram sufocadas pelo poder e pela força do elemento masculino, do machismo masculino. Eu mesmo posso dizer aos senhores que venho de uma região rural, onde homens e mulheres com igualdade de condições vem a centenas de anos trabalhando a terra e produzindo parte da riqueza deste País. Mas, a igualdade, no caso, só no trabalho, não nos direitos, porque o comando ainda continuava nas mãos do homens, principalmente em caráter machista, porque quanto mais conteúdo agrário tiver uma sociedade, mais submissa estará a mulher ao comando, à direção, à diretriz e à ideologia do machismo.

A luta da mulher é a luta, não só pela emancipação da mulher, a luta pela emancipação da mulher é a luta da sociedade, acima de tudo a luta pela revolução social, é a luta de novos rumos, mas, ao mesmo tempo, de novos tempos, de novas situações, de novas conquistas, e essas conquistas todas, obrigatoriamente, condicionadamente, são conquistas revolucionárias em todos os sentidos. Revolucionárias, por quê? Porque no início a mulher era uma escrava e o homem também, mas a mulher era mais escrava do que o homem. Depois, a mulher se tornou uma espécie de apêndice da terra, mas o homem também era. Mas junto com esta mulher e este homem havia uma sociedade paralela que era a sociedade da aristocracia e da nobreza, e a mulher tinha menos direitos do que os homens. Decorreu disto a sociedade capitalista. E aí nasce a mulher com todo o seu rigor, a mulher das fábricas, a mulher que enfrenta a opressão, a tirania e o despotismo das forças e das instituições que a vieram sufocando há milhares de anos. E agora está aí a mulher, que é policial civil e militar, que é assessora e que convive conosco, a mulher que esteve ao nosso lado e nos ajudou a elaborar a Lei Orgânica deste Município, a mulher que está participando da vida social e política deste País, a mulher que hoje no mundo é Presidente de Estado, é a primeira ministra, mas é também ministra deste País que se instala dentro de poucos dias. Esta ocupação de espaços é a verdadeira luta pela emancipação, porque é através desta ocupação que ela vai conquistando o seu verdadeiro lugar dentro desta sociedade, que ainda contém vícios estruturais e institucionais que impedem a verdadeira libertação da mulher em toda sua abrangência, em toda sua concepção. Por que a libertação é acima de tudo a libertação da democracia, e a democracia não é só da mulher e nem só do homem, mas é da mulher e do homem, unidos em todas essas conquistas que já levaram quase dez mil anos e vão levar ainda muito tempo. Mas a verdade é que a mulher deixou de ser coisa e passou a atuar em igualdade de condições com os homens.

Há poucos minutos de assumir esta tribuna, eu estive pensando, se eu tivesse que elogiar uma mulher, se eu tivesse que escolher dentre elas uma que representasse toda essa simbologia, essa simbologia desta ideologia emancipatória e conscientizante, quem seria escolhida? Não tive muita vacilação, nem muita dúvida, aquela que simboliza ao mesmo tempo a luta libertária, a luta emancipatória, a luta contra a ditadura, contra a opressão, a luta contra a tirania. Aquela que foi a mulher de um dos homens mais dignos, de um dos líderes mais brilhantes deste País, que a opressão e a tirania colocou nela suas garras e entregou para aquilo que expressava o pior do mundo em matéria de repressão às forças vivas e revolucionárias da humanidade. Estou falando de Olga Benário Prestes, porque eu entendo que ela é hoje o símbolo da luta, da conscientização, da emancipação e da libertação da mulher. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA: Com a palavra a companheira Maria Luiza Bittencourt, representando a Ação da Mulher Trabalhista.

 

A SRA. MARIA LUIZA BITTENCOURT: Sra. Presidente dos trabalhos, Verª Letícia Arruda, a qual muito nos honra por ser a única representante mulher na Câmara e por ser do PDT, e por outro lado lastimamos o número reduzido de mulheres no Legislativo Municipal. Prezadas companheiras, Ver. Valdir Fraga, Presidente desta Casa, prezado Ver. Adroaldo Corrêa, por ter solicitado a homenagem, demais Vereadores e demais presentes. Neste dia 08 de março, de comemoração da conquista da luta das mulheres, nós, as mulheres da Ação da Mulher Trabalhista, chamamos a uma reflexão. Todas as mulheres engajadas na luta pela emancipação da mulher estão fazendo este chamamento. Nossa saudação é curta, queria enfocar neste dia o avanço da luta das mulheres e acho que temos uma coisa importante, como a Jussara colocou: o Adroaldo Corrêa me permite assim, porque é um velho amigo, um aliado nosso e que bom que não é só ele. Hoje, a luta das mulheres, felizmente, tem junto de si vários companheiros, os homens estão engajados nesta luta e cada vez mais. Feminismo hoje já não é confundido com ser masculina. Hoje tem que manter o feminino e ser feminista não significa perder o feminismo, aquelas características do ser feminino. Nunca se lutou por perder isto, pelo contrário, sempre se lutou por poder avançar e conquistar mais coisas que nos permitam ter o feminino.

Gostaria de fazer uma denúncia, porque o Dia das Mulheres não é um caso de marketing. Não adianta colocar, no rádio, televisão, quando arbitrariamente as mulheres que conquistaram um Conselho Estadual da Mulher, neste Estado, não foram nem demitidas. Não houve demissão, o Conselho não acabou, não sei o termo. De repente, é constituído um outro Conselho Estadual de Mulheres e estas mulheres, que foram liderança nas conquistas das mulheres neste Estado ficam à mercê, sem saber o porquê das coisas. E não adianta colocar na televisão, colocar no jornal, fazer discurso simplesmente. Isto é nos usar como um caso de propaganda, de marketing eleitoreiro. Então, esta seria a nossa denúncia e agradecemos a oportunidade desta Casa de estarmos aqui e chamamos, não só o Ver. Adroaldo Corrêa, mas todos os Vereadores desta Casa, para serem nosso aliados nas conquistas feministas, que nunca deixaram de ser femininas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: (Menciona os componentes da Mesa.) Prezadas companheiras mulheres, Vereadores, neste 08 de março, que se comemora hoje, acho que seria muito apropriado, e me julgo com competência para isto e insuspeito, para me dirigir aos homens, porque, a cada 08 de março, nós renovamos os nossos protestos de igualdade, de fraternidade, de tratamento condigno das nossas companheiras mulheres que, afinal de contas, constituem a outra metade do mundo racional e, no entanto, nos comportamos, diariamente, como se isso fosse apenas fruto de nossa retórica. É preciso que os homens tomem consciência de que o feminismo é uma coisa séria, e precisamos encará-lo como tal. E, sobretudo, as mulheres devem ficar conscientes de que toda essa pletora de leis e regulamentos de nada valem se não se transformarem em coisas concretas. Isso é o que acontece até hoje. Por isso, na Sessão de hoje, quero chamar a atenção para que a humanidade, ao ingressar daqui há pouco no ano dois mil, no terceiro milênio, está caminhando, embora vagarosamente, mas com alguns sinais de progresso para a fase civilizatória, aquela que o velho Marx dizia que o homem ainda está na pré-história, porque continuam, os homens, a explorarem uns aos outros e, sobretudo, as mulheres. Enquanto isso não for superado, o homem ainda estará na pré-história. Almejamos que o homem entre para a fase da história, que acabe essa exploração, mas esta é uma longa luta, árdua, em que homens e mulheres devem, conscientemente, se organizar para a conquista.

Em nome do PCB, que é um partido tradicionalmente igualitário, em que não há departamento feminino, em que homens e mulheres são tratados igualmente, respeitados igualmente, quero dizer que este 08 de março significa um marco na luta, porque há 80 anos que se comemora e há menos de 20 neste País o 08 de março é um marco significativo nesta luta conjunta, que não é só das mulheres, deve ser também dos homens. (Palmas.) Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA: Com a palavra a Srª Avani Keller, que falará em nome do PCB.

 

A SRA. AVANI KELLER: Verª Letícia Arruda, que preside esta Reunião, Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, demais Vereadores, as companheiras que representam os vários segmentos da sociedade brasileira na luta pela emancipação da mulher, demais companheiros e companheiras.

É gratificante para nós mulheres encontrarmos hoje um espaço dentro da Câmara de Vereadores em que, por proposição do Ver. Adroaldo Corrêa, nos é prestada esta homenagem. É gratificante porque uma atitude contrária a esta nós tivemos do Governo do Estado, do Governador Pedro Simon, quando ao invés de nos prestar uma homenagem, que através da nossa luta alguma coisa se conquistou, algum avanço teve a luta das mulheres, ao contrário, foi um desrespeito que houve com o conjunto das mulheres organizadas neste Estado. Então, é para frisar e deixar marcada esta atitude do Governo do Estado que eu estou hoje usando este microfone. Em nome das mulheres do PCB, em nome do movimento comunitário e acredito que em nome do conjunto das mulheres que têm algum trabalho dentro deste Estado. Além de não nos dar espaço, o Sr. Governador durante dois anos não nos reconheceu enquanto sociedade civil organizada e pleiteando ter a direção do Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres. Durante dois anos nós não conseguimos, apesar de várias vezes termos tentado, uma audiência com o Sr. Governador. Passado este período, com muito malabarismo ele quis nos impingir um aumento no número de conselheiras para que ele tivesse, no caso de alguma matéria colocada em votação, tivesse garantida a maioria para suas propostas. Como nós resolvemos discutir o assunto, simplesmente o Conselho não foi dissolvido, mas ele ficou estratosférico, ele não foi empossado. Como disse a companheira que me antecedeu, não se sabe nem como denominar a atitude do Sr. Governador do Estado, quando no palanque ele ressaltava a necessidade do trabalho das mulheres, no seu discurso ele enaltecia o movimento das mulheres e na prática ele usou o seu autoritarismo da mesma maneira como foi usado pelo Governo Sarney em relação ao Conselho Nacional de Mulheres, que foi simplesmente diluído por ordem do Sr. Governador do Estado. E ele, tirando do bolso uma lista de nomes que não representam os diversos segmentos da sociedade em relação à luta das mulheres, deu posse, na semana passada, a um Conselho que jamais foi democrático, que não tem compromisso com a luta das mulheres e que foi indicado talvez pela então Secretária de Trabalho Mercedes Rodrigues, que nada mais é que uma pessoa que quer se eleger a qualquer custo e aparelha tudo o que puder aparelhar neste sentido.

Deixo a minha denúncia, porque acho que isso é um desrespeito com os cidadãos de Porto Alegre, com a luta das mulheres e é um desrespeito principalmente por partir de uma mulher que é muito mais machista que muitos homens que estão por aí. Por isso estou usando esta tribuna, hoje, porque todos os oradores que me antecederam enalteceram a luta da mulher, a condição feminina, o que a mulher espera, eu uso esse espaço para deixar esta denúncia, porque é uma revolta que a gente tem dentro do peito de saber que as coisas foram feitas desta maneira arbitrária, o que nós conseguimos reverter no Governo Jair, hoje o Simon reedita de uma maneira muito mais categórica, não aceitou nem conversar.

A nota que redigimos e que foi enviada à imprensa por algum motivo, não se sabe por que não saiu no jornal. Esta nota denuncia tudo isto e de maneira bem suave tudo o que estou trazendo aqui. Eu acho que a luta das mulheres não se passa só no discurso de que a mulher precisa disso ou daquilo. Nós temos que ocupar o nosso espaço e não sermos cerceadas por governos que querem aparelhar e manipular e só deixam acontecer o que é do interesse deles, porque a luta das mulheres está acima dos partidos políticos e acima da luta dos homens, está junto com a luta do povo brasileiro. Era isso que eu gostaria de dizer. Muito obrigado.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA: Com a palavra o Ver. Edi Morelli, em nome da Bancada do PTB.

 

O SR. EDI MORELLI: Verª Letícia Arruda e demais componentes da Mesa, Srs. Vereadores presentes, senhoras, militares, está aí uma prova já concreta dos espaços conquistados que a mulher vai conseguindo na sociedade, o engajamento na Brigada Militar, bem como na Marinha. Mas, hoje, dia 08 de março de 1990, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, em nome do meu Partido, PTB, presto esta justa e carinhosa homenagem a todas as mulheres que foram também homenageadas pela Frente Popular, estão sendo homenageadas, abrindo vales de 60cm de profundidade naqueles campos de futebol de areia, no chamado curso de gari-operário, e vindo para cá não pude participar do diálogo com o Secretário, que dizia que elas se inscreveram por livre e espontânea vontade no curso, coisa que não é verdade, estão sendo obrigadas. Mas a mulher encontra sempre o homem da sua vida, as funcionárias da Prefeitura com oito, dez anos de tempo de serviço, acharam no Dia Internacional da Mulher o homem da sua vida, ou o carrasco da sua vida, Sr. Olívio Dutra, que as obriga a abrir valetas de picaretas.

Mas a existência, em nosso contexto social, de mulheres trabalhando em diversas atividades é, nos dias de hoje, uma das desigualdades sociais mais incômodas à consciência da mulher, consciência que, somente após muito tempo, o próprio esforço da mulher foi se elaborando gradualmente, a partir de uma inserção de classe social na sociedade em que vivemos. A vida quotidiana da mulher, desde a mais tenra idade, possivelmente foi um dos fenômenos que possibilitou a tomada de consciência das desigualdades sociais que caracterizam inúmeras sociedades e, no caso particular, a sociedade brasileira.

Assim, pouco a pouco, a mulher percebeu que há lugares sociais, com limites de poder mais ou menos nítidos para cada indivíduo, seja homem ou mulher, rico u pobre. Esse tipo de percepção e de fundamento sociológico é natural nos seres humanos. Isto tudo levou a mulher a inúmeras indagações comuns, tais como: por que estão socialmente tão diferenciadas as pessoas numa mesma sociedade? Como se articulam as posições sociais que elas ocupam? Como se reproduzem, historicamente, as condições para a permanência desse “estado de coisas”? Isto significa um mal-estar entre as mulheres que assume outra conotação de injustiça social, camuflada, esquecida, mais ainda fortemente no contexto brasileiro. Quem disse que a mulher hoje não sofre de discriminações? Ainda há lugares neste País onde a mulher sofre discriminações, principalmente no Nordeste, onde, para não morrer de fome, são obrigadas a trabalhar em condições subumanas, labutando das 06 às 21 horas sem repouso.

Assim, muitas mulheres, diante da indiferença, são aprisionadas por um “destino”, cujas raízes lhe escapam: elas não são donas de suas vidas, de seus corpos, de sua força de trabalho: uma maré invisível, inexplicável para elas, conduz seu “destino” social. Com isso, se vê o quanto elas sofrem física e psiquicamente a violência implícita na sua situação de classe, de sexo e de trabalho. Assim, o destino das mulheres é traçado por determinações, machistas, preconceituosas e tendências que acabam decidindo por quem de direito deveria decidir, que são as mulheres, castrando-lhes assim o direito de escolherem para si o que realmente interessa. Ser mulher, por incrível que pareça, ainda é um desafio onde o ironicamente chamado de “sexo frágil” obriga a ser forte, perspicaz e sábia, para saber a hora certa de entrar na luta da desigualdade e vencer, como geralmente vem ocorrendo.

Na semana passada, através de uma cadeia de rádio e televisão, o Papa João Paulo II lançou a 27ª Campanha da Fraternidade, que terá como tema “Fraternidade e Mulher”. A Campanha buscará resgatar a verdadeira imagem da mulher em igualdade com o homem diante da sociedade e de Deus. O tema “Mulher e Homem: imagem de Deus”, está no versículo 26 da Bíblia, onde se lê que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. Nunca o conceito de dignidade da mulher esteve tão deteriorado como agora. Segundo a Campanha, os exemplos de consumo, a discriminação salarial, os preconceitos contra a mulher negra e a mãe solteira. Ainda hoje pela manhã, o Sérgio Zambiasi, no seu programa homenageava as mulheres. E citando três nomes de mulheres que ele escolheu para no nome das três homenagear todas as mulheres através de seu programa. E uma das mulheres que ele citou o nome está presente na Mesa, a Deputada Jussara Cony. Vejam que não há, não existe dentro do PTB uma discriminação política. Não. Jussara Cony foi escolhida pelo nosso líder a homenagear a mulher no Dia Internacional da Mulher. Isso completo com um chavão muito antigo: “se não fossem as mulheres, aqui não estaríamos”. Parabéns a você, mulher. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA: Queremos agradecer às funcionárias da Casa que infelizmente estão trabalhando neste momento e que poderiam estar assistindo à Reunião e não estão presentes pelo seu trabalho, pela sua dedicação, muito obrigada. Agradecer também ao proponente da Reunião, Ver. Adroaldo Corrêa, e muito mais ao Ver. Valdir Fraga, que nos deu a oportunidade de presidir esta Reunião. (Palmas.) Queremos divulgar a “Semana da Mulher”. (Lê.)

“08 de março, 17h, no Largo da Prefeitura, Caminhada “Mulher, alicerce da luta do povo” e 20h, Auditório da Assembléia Legislativa, “A saúde da mulher e o aborto”, com Rose-Marie Muraro;

09 de março, 20h, Plenarinho da Assembléia Legislativa, “Os partidos e a luta das mulheres”;

11 de março, 11h, Feira e festa no Brique da Redenção;

12 de março, 20h, no Plenarinho, “A violência contra a mulher”;

13 de março, 20h, no Plenarinho, “A mulher e o trabalho”;

14 de março, 20h, no Plenarinho, “Avaliação e perspectivas do movimento”, com Jô Moraes, da União Brasileira de Mulheres, Olga Duarte, da Secretaria Nacional de Mulheres da CUT, e Ana Montenegro.”

Queremos, continuando, agradecer a presença da Dra. Eulália Maria Guimarães, Procuradora-Geral do Município; da Srª Marlise Fernandes, Diretora do Sindicato dos Comerciários de Santo Ângelo, Diretora Executiva da CUT Estadual e membro da Comissão das Mulheres da CUT; a Tenente Janete Ferreira, representando a Polícia Feminina da Brigada Militar; a Srª Ruth Ricardo Brum, representando o Conselho Geral dos Clubes de Mães; a Feminista Rose-Marie Muraro; a minha companheira de luta Maria Luiza Bittencourt, a nossa Malu, representando a Ação da Mulher Trabalhista; a Srª Avani Keller, representando as Mulheres do PCB; a nossa querida companheira Jussara Cony, Vereadora emérita e Deputada Estadual; a Srª Terezinha Vergo, representando a União de Mulheres de Porto Alegre; a Srª Márcia Camargo, representando o Coletivo Feminista de Porto Alegre e a Comissão de Mulheres do Partido dos Trabalhadores. A todas um bom dia e a luta continua. Vamos em frente, companheiras. (Palmas.)

Nada mais havendo a tratar, levanto os trabalhos da presente Reunião.

 

(Levanta-se a Reunião às 11h46min.)

 

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